Notícias


Carne é carne. E ponto final

Num tempo em que tudo parece passível de reinterpretação, inclusive o que comemos, é preciso reafirmar o óbvio: carne é o tecido muscular de um animal destinado à alimentação humana. Carne é o que vem do boi, do cordeiro, do porco, do frango. É fruto da pecuária, de um ciclo natural e milenar que une solo, pasto, água, sol e o trabalho humano.

A carne bovina, em especial, é um alimento completo, fonte de proteínas de alto valor biológico, ferro heme – facilmente absorvido pelo organismo –, vitaminas do complexo B, zinco e outros minerais essenciais. É o que chamamos de nutrição densa: muito valor em cada porção. Ela é fundamental para o desenvolvimento muscular, cognitivo e imunológico, e sua digestibilidade é superior à de muitas proteínas alternativas. Não à toa, a carne está presente na história da humanidade desde sempre, não como vilã, mas como base da nossa evolução.

Nos últimos anos, surgiram novos produtos que buscam substituí-la: proteínas vegetais ultraprocessadas, alimentos cultivados em laboratório, “carne sintética”, “carne vegetal” e outros nomes criativos. É legítimo que existam – afinal, o consumidor tem o direito de escolher o que quer comer. Mas há uma fronteira que não pode ser cruzada: a da verdade. Nenhum desses produtos é carne. E, portanto, não podem ser chamados assim.

Quando chamamos de “carne” algo que não vem de um animal, distorcemos a linguagem e confundimos o consumidor. A democracia alimentar se faz com transparência: que cada um escolha o que quiser colocar no seu prato, mas sabendo exatamente o que está consumindo.

Carne é carne porque vem do campo, de um ser vivo criado com responsabilidade, da relação direta entre natureza e alimento. O resto pode até tentar imitá-la, mas jamais será a mesma coisa.

Carne é carne. E ponto final.
 

Artigo da presidente do Instituto Desenvolve Pecuária, Antonia Scalzilli, publicado no jornal Zero Hora do dia 24/10 na seção de Opinião. 11:22