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GZH: Exportações gaúchas recuam e atingem menor nível em três anos

Com menor demanda de China, EUA e Argentina, vendas externas caíram 17,21% no período de janeiro a março de 2024

As exportações do Rio Grande do Sul apresentaram queda na arrancada de 2024. O total de vendas para outros países caiu 17,21% no Estado no primeiro trimestre ante igual período do ano passado, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento. Além disso, teve o primeiro tombo nos embarques para o Exterior nos últimos anos nesse recorte de tempo.

Especialistas apontam que a retração ocorre na esteira da desaceleração da economia da China, da crise na Argentina e da menor demanda dos Estados Unidos, parceiro comercial que vinha se mostrando importante em um passado recente.

Para os próximos meses, projetam baixo otimismo para retomada diante de ruídos no âmbito internacional e incertezas fiscais no país.

No acumulado de janeiro a março deste ano, as exportações do Rio Grande do Sul somaram US$ 4,207 bilhões - US$ 875 milhões a menos do que o montante observado no mesmo período de 2023. Essa é a primeira queda nas vendas externas do Estado em um primeiro trimestre desde 2020.

Competitividade

A coordenadora da graduação em Ciências Econômicas da Unisinos, Camila Flores Orth, afirma que a crise na Argentina é um dos elementos que ajudam a explicar o recuo nas exportações do Estado neste início de ano. O país vizinho sofre com a mudança de governo e espera dos efeitos das primeiras medidas econômicas da nova gestão.

- Argentina é um dos nossos grandes parceiros, principalmente em produtos industriais, e a gente teve uma queda de 20% no período, que é um recuo significativo - explica Camila.

No comércio com a Argentina, as principais quedas ocorrem no âmbito de produtos ligados à cadeia automotiva, como peças e carrocerias, e de máquinas agrícolas.

Além da crise na Argentina e menor apetite dos Estados Unidos pelos produtos gaúchos, a professora afirma que existem problemas de competitividade. Com a China acelerando as suas exportações neste ano, o Estado perde participação em alguns mercados, segundo a especialista:

- Neste 2024, eles estão com essa política agressiva de retorno ao comércio Exterior. Com isso, a gente acabou perdendo competitividade em algumas inserções em mercados tradicionais nossos.

Concentração

O professor Hélio Henkin, da Faculdade de Ciências Econômicas da UFRGS, afirma que o Estado sofre com a falta de avanço na diversificação dos produtos com potencial de exportação. Isso acaba afetando as vendas para outros países em períodos de menor demanda, aponta:

- Concentramos nossa produção na área agroindustrial. Não mantivemos ou ampliamos as exportações nas áreas que são menos vulneráveis às oscilações da demanda asiática.

Olhando pelos segmentos com maior queda nas exportações, soja, grupo de carnes, celulose e máquinas e equipamentos se destacam no primeiro trimestre.

Camila Flores Orth, professora da Unisinos, destaca que 85% das exportações gaúchas no primeiro trimestre ficaram dentro da indústria. Como o setor apresenta perda de ritmo em vendas externas e produção, acaba refletindo no total das vendas externas do Estado.

Olhando apenas a indústria, as exportações do setor apresentaram queda de 12,5% no primeiro trimestre, com US$ 3,6 bilhões em faturamento, segundo recorte feito pela Federação das Indústrias do Estado. O economista-chefe da Fiergs, Giovani Baggio, afirma que esse dado preocupa:

- Isso liga um sinal de alerta, porque algo que já não vinha bem ficou ainda mais difícil neste início de ano.

Fonte: Zero Hora